A História do Palácio de Versalhes

Vista panorâmica de Versalhes
Pintura do Rei Luís XIV segurando, 
possivelmente, a planta do Palácio de
Versalhes. Repare em suas vestes luxuosas
e sua pose, que dão um ar de superioridade  
 misturado com tolice.
    O Palácio de Versalhes é um castelo real localizado na cidade de Versalhes, subúrbio de Paris. Desde 1682 até 1789, ano em que teve início a Revolução Francesa, foi o centro do poder do Antigo Regime na França. Sua localização deve-se ao fato da procura de um local afastado dos grandes centros, devido ao grande tumulto de gente e doenças nesses locais. Construído pelo rei Luís XIV, o "Rei Sol", a partir de 1664, veio mais tarde a tornar-se, em 1682, a residência oficial do monarca e também o símbolo da monarquia absolutista, sustentada pelo rei. Considerado o maior palácio da época e um dos maiores atualmente, o Palácio de Versalhes possui uma ampla extensão que ocupa mais de 100 hectares, possuindo 700 quartos, 352 chaminés, 1250 lareiras, 67 escadas, 2153 janelas e um parque de 700 hectares. Pela sua opulência e grandiosidade, tornou-se o mais luxuoso de toda a Europa, tendo sido, por inúmeras vezes, copiado. Foi projetado pelo arquiteto francês Louis Le Vau, sendo concluído por Jules Hardouin-Mansart, após sua morte. Em 1837, após a Revolução Francesa, o Palácio foi transformado em um museu de História, atualmente, sendo o ponto turístico mais visitado da França recebendo, em média, 8 milhões de turistas por ano.

             O Luxo e o Palácio de Versalhes
Pintura de Versalhes em 1772. Repare em sua incrível extensão. 
     O Palácio de Versalhes era bastante conhecido pela sua ostentação e riqueza. Alguns historiadores lançaram relatórios que estimavam o custo para a manutenção do palácio. Segundo tais relatórios, esses valores chegavam  a consumir, exorbitantes, 25% do rendimento do governo francês. Porém muitos historiadores discordam desses relatórios, afirmando que esse número seria inflacionado, a fim de aumentar as extravagâncias da família real, levando assim, a uma das causas da Revolução Francesa. A hipótese mais provável é que os custos não ultrapassavam os 6%, tendo uma média geral de cerca de 3,5%. Já com relação ao valor das obras, o debate é ainda maior. Em 2001, os historiadores norte-americanos Miffllin e Littell, divulgaram um relatório que estimava o custo da obra em cerca de US$ 2 bilhões, número este, discordado por muitos, que mencionam a existência de supostos relatórios financeiros da época, que mencionam um gasto de mais de 60 milhões de livres de ouro, antiga  unidade monetária francesa, o que leva a valores entre 12 e 300 bilhões de dólares.
A Estrutura de Versalhes
    Versalhes teve seu projeto criado inicialmente por Le Vau e continha os seguintes espaços principais:
O Salão de Apolo. Veja as pinturas do rei no teto, que dão a
ideia de soberania e poder. Perceba a decoração e os orna-
mentos, todos feitos em ouro e o piso em mármore italiano.
Arte e luxo a serviço do monarca.
   Grand Appartement du Roi (Grande Apartamento Real): consistia em um grande espaço que ocupava juntamente com o grand appartement de la reine todo o primeiro andar do palácio. Era um espaço particular do rei, porém Luís XIV achou as salas frias e preferiu ocupar as instalações ocupadas anteriormente por seu pai, ficando o grand appartement du roi sendo reservado para as funções da corte. A estrutura deste imenso "cômodo", baseava-se no formato do sistema heliocentral com o centro posto no Salon d'Apollon (Salão de Apolo). Este apartamento era formado pelos seguintes salões: Salon de Diane, de Saturne, Jupiter, Mars, Vénus e o de Mercure.  Cada um dos salões foram nomeados com o nome de divindades romana associadas a um dos planetas. Todo o espaço foi decorado com estátuas e ornamentos feitos em prata e ouro, tendo sido todo o trabalho efetuado por Charles Le Brun em estilos decorativos italianos.
O quarto da rainha Maria Antonieta. Confira o esplendor do
quarto, que conserva a verdadeira característica da rainha, o
amor à vida monótona e fria, regados de muito dinheiro e luxo.
    Grand Appartement de la Reine: formado por uma fila de salas, foi utilizado como residência de três rainhas francesas: Maria Tereza de Espanha, esposa de Luís XIV; Maria Leszczyńska, esposa de Luís XV e Maria Antonieta, esposa de Luís XVI. Este imenso cômodo consiste em um conjunto de salas enfileiradas que segue abaixo:
   Salle des Gardes de la Reine: foi o quarto em que aconteceu um combate entre os revoltosos da Revolução Francesa e os guardas da rainha que morreram tentando protegê-la.


   Grand Cabinet: sala usada para audiências formais dadas pela rainha Maria Antonieta.
   Antichambre: era o local usado pela família real, incluindo o rei e a rainha, para promover banquetes reais em público, também servindo como uma sala de teatro.
   Chambre de la Reine: funcionava como o quarto de dormir da rainha Maria Antonieta, tendo sido invadido por revoltosos na noite de 6 para 7 de outubro de 1789, obrigando assim a rainha a fugir por um corredor secreto que ligava o seu quarto com os aposentos do Rei.


A Galeria dos Espelhos. Como você se imagina num local
como este? Um verdadeiro rei da frança, ou aquele que tem
a capacidade de mudar a realidade do seu próximo?
   Galeria dos Espelhos: É uma sala conhecida internacionalmente pela assinatura do Tratado de Versalhes em seu interior. Consiste em um grande espaço envolto de espelhos em sua estrutura tendo o teto em formato de um arco revestido de dezessete espelhos que refletem a vista das imensas janelas que o compõem. Tendo sido importado de Veneza na Itália, os espelhos eram tidos como os mais extravagantes elementos que se podia adquirir na época. Tendo sido decorado com pinturas que retratava o heroísmo e as vitórias militares de Luís XIV, foi nesta sala que aconteceu o evento mais dispendioso do século XVIII: o Baile dos Teixos, um baile à fantasia em que o rei Luís XV, fantasiado de teixo, encantou-se com Jeanne- Antoinette que estava vestida como a deusa Diana, e que mais tarde se tornaria sua amante e conhecida na história como Madame de Pompadour
                                                                 Regras de Etiqueta
   Elaboradas por Luís XIV, estas regras tornaram-se o meio do progresso social da corte francesa que incluía os pontos que seguem abaixo:
Maria Antonieta
 1. O rei não aceitava ser incomodado, nem ao menos ouvir uma batida na porta, sendo permitido apenas um pequeno arranhão com o dedo mindinho esquerdo em sua porta.
  2. Quando um cavalheiro ia se sentar, deveria deslizar seu pé esquerdo em frente ao outro, pousando as mãos na cadeira e suavemente poderia se sentar, pois se fizesse isso de maneira abrupta, poderia rasgar suas calças apertadas.
  3. Não era permitido que os homens e as mulheres cruzassem as pernas em público.
  4. Os vestidos das damas eram feitos de tal forma que não permitissem fazer ações que não fosse sentar e caminhar. Por esse motivo, elas passavam a maior parte do tempo bordando, pintando, escrevendo cartas e criando seus próprios cosméticos.
  5. Assim como as damas da corte, os homens não podiam fazer outras ações a não ser escrever cartas, ler discursos e praticar esportes como, tiro ao arco e caça. 
  6. Não era permitido que as damas segurassem a mão ou abraçassem um cavalheiro, podendo apenas tocar nas pontas dos dedos de um homem ou dar um leve tapinha no seu cotovelo.
                                                                      Fechamento 
   Atualmente o palácio é um museu de história, sendo o ponto turístico mais visitado da França, ao contrário do que muitos pensam ser a Torre Eiffell ou o museu do Louvre. Com grandes acervos de excelentes pintores dos século XVII e XVIII, o palácio ainda conserva grandes características da época, sendo uma grande oportunidade de conhecer a história que se passa por trás da Revolução Francesa e da corte que ali vivia, regadas de luxo e esplendor. Este palácio revela uma triste realidade do homem: o mero desprezo pelo seu próximo, que ao construir um palácio como esse não está preocupado com os problemas das pessoas mais carentes que, na época, viviam esquecidas, entre a miséria, a fome e a opressão. Morriam de fome, porque eram obrigadas a dar quase tudo que tinham em forma de impostos para aumentar a riqueza dos nobres e o luxo dos monarcas que viviam suas vidas monótonas e despreocupadas. Tudo para alimentar ainda mais sua ganância. Como dizia o filósofo Arthur Schopenhauer, " A riqueza é como água salgada: quanto mais se bebe, mais sede se tem." Por isso, devemos ter em mente o mesmo pensamento de Gotthold Lessing que afirmou que "a riqueza é a menor das necessidades; [pois] a maior é a sabedoria".
                                                                    Galeria de Fotos

















Vista panorâmica do Palácio de Versalhes

Vista dos portões do Palácio de Versalhes